O empresário Roberto Civita, diretor editorial e presidente do conselho de administração do Grupo Abril, morreu neste domingo, 26, às 21h41, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, de falência múltipla de órgãos. Ele tinha 76 anos e estava internado havia três meses para a correção de um aneurisma abdominal. O corpo do empresário será velado a partir das 11h de hoje no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.
Civita deixou a esposa, Maria Antônia Civita, e três filhos: Giancarlo Civita, vice-chairman da Abrilpar, holding da família Civita que controla a Abril S/A e a Abril Educação S/A, Victor Civita Neto e Roberta Civita. Giancarlo exerce interinamente a função do pai no comando do Grupo Abril desde o fim de março. O empresário dedicou mais de cinco décadas de sua vida a transformar a editora criada em 1950 por seu pai, Victor Civita, em um dos maiores conglomerados editoriais da América Latina. Foi ele quem idealizou e lançou, em 1968, a revista Veja, ainda hoje o carro-chefe do grupo. Estudou física nuclear, jornalismo e economia, além de ter feito pós-graduação em sociologia. Mas considerava-se, acima de tudo, um editor.
Em nota, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que Civita “era um homem de coragem e de vanguarda”. “Tinha amor pelo Brasil, obsessão pela verdade e crença inabalável na liberdade de imprensa. Ao idealizar e criar publicações como Veja, maior revista de informação semanal fora dos Estados Unidos, deu uma contribuição inestimável à construção da democracia brasileira. Nossos sentimentos à família e aos amigos.”
Comando. O empresário assumiu a presidência do conselho do Grupo Abril em 1990, após a morte de Victor Civita. Inicialmente, seu plano para a companhia (que, além da editora, incluía uma indústria gráfica e um braço de distribuição e logística) era transformá-la em uma empresa de capital aberto. Chegou a anunciar, em 1994, o cronograma para ir à Bolsa de Valores com 30% do capital do grupo, que até então detinha 155 títulos, entre revistas semanais e mensais, e um faturamento de US$ 418 milhões (cerca de R$ 820 milhões em 1993).
Mas a Abril nunca chegou a fazer sua oferta inicial de ações na Bolsa. Por causa de uma série de aquisições e sociedades feitas no início da década, a empresa entrou em um período de instabilidade financeira. Por isso, durante os anos em que liderou o grupo, Civita reduziu o número de publicações para 54 títulos regulares.
Após 23 anos à frente do grupo, o empresário conseguiu fazer a receita líquida da companhia saltar para R$ 2,975 bilhões em 2012, conforme o último balanço divulgado.