15° Festival Cultural do novembro negro das comunidades do território Quilombola Águas do Velho Chico Orocó-PE, do ano 2023, se destaca como um dos melhores eventos culturais já visto na história do território.
Na sexta-feira, dia 24 de novembro de 2023, na Escola Municipal Quilombola Águas do Velho Chico Orocó-PE, localizada no sertão do São Francisco, foi realizada a culminância de quatro projetos vivenciados durante o ano letivo, sendo eles:
-Leitura vai, leitura vem, eu leio e meu quilombo também, norteado e acompanho pela rede municipal de ensino da secretaria de educação do município de Orocó, com ênfase no desenvolvimento da leitura e escrita dos estudantes,de forma lúdica e prazerosa, envolvendo a família no processo de ensino e aprendizagem, utilizando como ferramenta pedagógica a a maleta da leitura;
-A 2° feira do JEPP ( Jovens Empreendedores Primeiros Passos), abordando as várias maneiras de empreender e fortalecer a e conomia local,com foco na sustentabilidade criativa através das produções dos estudantes evidenciando a importância da educação financeira, parceria da secretaria de educação do município de Orocó com o Sebrae, coordenado por Eva Maria Brandão de Oliveira;
-Diversidade, Respeito e Arte, projeto desenvolvido pelas turmas de Ensino Médio da Extensão Quilombola da Escola Estadual Bem-Te-Vi, envolvendo as trilhas do Novo Ensino Médio e a Educação Específica Quilombola, com atividades de valorização e pertencimento a cultura afro-brasileira;
-A inclusão e valorização dos jogos étnicos raciais no processo de ensino e aprendizagem escolar,apoiado e acompanhado pela Pea Unesco, propiciando o resgate histórico dos jogos antigos e contemporânea vivenciados no dia dia das crianças dos quilombos, e suas contribuições no chão da escola.
Os projetos envolveram estudantes de todas as escolas do território quilombola e estudantes dos assentamentos da área cerqueira, das modalidades de ensino infantil, fundamental I e II da rede municipal,do ensino médio e EJA Campo Extensão da Escola Estadual Bem-Te-Vi.
Das 15:00h às 17:00h os stands, foram abertos para visitas nas salas temáticas representadas por cada quilombo, a Mata de São José, abordou sobre a temática da Educação Escolar Quilombola.
A Caatiguinha, sobre a Ancestralidade e Manifestações Culturais.
A Umburana, sobre as Ervas Medicinais e Saúde do Território Quilombola.
O Remanso, sobre a Diversidade,Racismo e Gênero
O Vitorino, sobre Agricultura Familiar e Sustentabilidade,e os
Assentamentos, sobre a Literatura e Artesanato.
Das 17:00 às 20:00h a escola foi tomada por momentos de grandes emoções com a mística realizada pelos estudantes da EJA Campo, como também pelas apresentações culturais, do Reisado, São Gonçalo, Literatura de cordel, toada, grupos de dança afro, as Quilombelas e Negra arte, entre outros grupos de dança organizados pelas professoras de cada escola das comunidades.
O encerramento foi tomado por mais emoção ainda com a homenagem a fundadora do reisado da Mata de São José e Caatiguinha, dona Hemenegilda Maria Gonçalves, (Tia Gidinha) que deixou esse legado cultural e religioso como fruto de resistência e luta das mulheres quilombolas. E pra fechar com chave de ouro tivemos a honra de contar com a ilustre apresentação de Zé Preto e CIA, com Léo na zabumba, Joab no triângulo, Jonas Brito e Reginaldo do pandeiro e Alexandre no cavaquinho. Zé Preto é o sanfoneiro mais respeitado da região e nos presenteou com um belíssimo forró das antigas e o arrasta pé mais animado de todos os tempos.Toda cobertura do evento contou com o som de mala de Léo som, grande parceiro da escola. Marcaram presença, no evento, representantes do IF Sertão do campus Santa Maria da Boa Vista , professor Mateus, a diretora e outros companheiros. O professor Nelmam de Cabrobó, o presidente da Câmara de Vereadores Igor Crateú, a vereadora Jacielma anfitriã, entre outros.
“Ver o envolvimento de toda comunidade escolar do território, das famílias, dos anciãos e anciãs, e estudantes, nesses projetos vivenciados durante todo o ano letivo, só evidencia ainda mais a certeza de que garantir a efetivação das diretrizes curriculares municipais da educação escolar quilombola, além de construir ferramentas de transformações sociais, política, econômica e cultural, também forma uma sociedade mais justa e democrática na busca de uma educação antirracista. O principal objetivo de vivenciar esses projetos, foi convocar a sociedade para refletir sobre a importância da valorização da educação contextualizada, garantida na resolução n°08/2012, nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008 para não discutir as contribuições históricas do povo negro e suas formas de organizações no desenvolvimento desse país, somente em novembro, mas em todos os meses do ano” Ressalta a gestora escolar quilombola Maria Senhora Gomes.