ANÁLISE-Indústria da cana atinge prazo limite para elevar capacidade

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A capacidade de moagem de cana do Brasil, maior produtor global de açúcar, poderá se esgotar em duas safras se os investimentos em aumento da capacidade industrial não acompanharem a expansão da colheita, prevista para ser recorde já neste ano, alertaram especialistas à Reuters.
Sem investimentos relevantes em nova capacidade de processamento nos últimos anos, é consenso entre representantes do setor que a indústria de cana vive um período limite para investir na sua expansão, após a crise global de crédito que afetou as finanças das empresas e seguindo um período de baixas margens de lucro do etanol, que não atraíram novo capital.
Esse “deadline” para investimento se dá porque o tamanho da próxima safra (2013/14, de abril a março) está bem próximo da capacidade atual e o tempo para a implantação de uma nova unidade é, no mínimo, de dois a três anos. Mesmo para ampliação de uma unidade, o prazo é um ano.
A estimativa do setor é que a capacidade instalada atual do Brasil está perto de 700 milhões de toneladas, enquanto estimativas iniciais apontam uma moagem de cerca de 650 milhões de toneladas já no ciclo 2013/14, que se inicia oficialmente em abril no centro-sul.
“Em 2014, a se confirmar o crescimento da safra, a capacidade industrial já poderá estar esgotada… Nós já estamos numa situação em que são necessários investimentos em novas unidades”, disse Artur Yabe, gerente de biocombustíveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ele lembrou que recentes investimentos em canaviais –não acompanhados de capital novo para expansão industrial do setor– já trarão resultados na safra iniciada em abril deste ano, o que tende a se repetir na temporada 2014/15.
Os investimentos em novas unidades ficaram estagnados após a crise de crédito em 2008, que afetou fortemente as finanças de muitas companhias, especialmente daquelas muito endividadas por conta dos projetos de expansão da capacidade naquela época –em 2005, havia, por exemplo, cerca de 30 unidades sendo contratadas.
“E num novo ciclo, se o clima ajudar, deveremos ter uma safra ainda melhor… Aí talvez a gente comece a ver um movimento mais intenso de procura do BNDES, na medida em que a capacidade ociosa vai se esgotando”, disse Yabe, referindo-se à urgência para novos investimentos.
Ele observou que o setor veio de um ano com grande nível de ociosidade, após a primeira redução na safra de cana do país em 11 anos na temporada passada. Mas, com a recuperação da colheita na atual e a expectativa de um aumento na próxima, isso vai diminuir. “Então o incentivo à construção de novas usinas será ainda mais acentuado do que é hoje”, disse Yabe.
Fonte: msn.com

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