CAATINGA: O que parece morte é vida.

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Informe Técnico com Robson Mororó

A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 km², correspondendo a cerca de 10% do território nacional.  Ela está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais.

Infelizmente, a Caatinga é um dos biomas mais degradados do país, concentrando mais de 60% das áreas susceptíveis à desertificação. Historicamente, esta região vem sofrendo com a ausência de práticas de manejo do solo e com a monocultura e pecuária extensiva, além de inúmeras queimadas. Atualmente, as principais causas de desmatamento estão associadas à extração de mata nativa para a produção de lenha e carvão vegetal destinado às fábricas gesseiras e para a produção siderúrgica. Tal impacto é sentido na fertilidade do solo, na extinção de espécies da fauna e flora e diminuindo a qualidade de vida da população. Essas práticas já levaram à devastação de 45% deste bioma.

A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.

A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de mortalidade infantil.

As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com recursos para diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão à umburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas.

Apenas 7,8% do território da Caatinga está protegido por Unidades de Conservação, sendo que somente 1,3% da área é coberta por unidades de proteção integral. Isto é sintomático da dificuldade do Estado brasileiro de cumprir a Convenção Internacional de Diversidade Biológica, da qual o país é signatário, e que tem como meta nacional a manutenção de, no mínimo, 10% de áreas conservadas.  A solução encontrada tem sido o estabelecimento e manutenção de parcerias privadas como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), as quais correspondem a 35,6% das Unidades de Conservação na Caatinga. Tais reservas visam à conservação da diversidade biológica, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas científicas e visitação turística.

As experiências das populações tradicionais e agricultores familiares que vivem na Caatinga e investem num manejo diferenciado e sustentável do solo, têm demonstrado que é possível a convivência com as características da região, com cultivo variado e a criação de animais saudáveis. Frutas, legumes, raízes in natura ou beneficiados são produzidos e utilizados para consumo familiar e geração de renda.

Se fizermos uma pesquisa nas escolas e perguntar, qual a vegetação encontrada na zona rural de Cabrobó, assim como a sua importância econômica e social, poderemos obter respostas diversas.

Já passou da hora de preservarmos a caatinga, pois o que parece morte é vida.

Por: Robson Mororó – Engenheiro Agrônomo

 

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