Pernambuco reduz desmatamento da Caatinga, mas ainda devasta área equivalente a 16 mil campos de futebol, diz estudo

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Em 2023, Pernambuco reduziu em 35% o desmatamento na Caatinga. Apesar disso, nesse mesmo período, o estado desmatou 15.996,58 hectares do único bioma exclusivamente brasileiro, que ocupa mais da metade do território do Nordeste. A área desmatada equivale a 16 mil campos de futebol.

Os dados são da rede colaborativa MapBiomas, que faz um mapeamento anual da cobertura da Caatinga. Segundo o levantamento, embora tenha sido o único a apresentar uma redução no desmatamento, Pernambuco foi o quarto estado do país que teve a maior área desse tipo de vegetação devastada durante o ano passado.

Em 2022, o total de área desmatada no estado chegou a 21,5 mil hectares. Para os pesquisadores, uma tentativa de diminuir o desmatamento seria a criação de mais unidades de conservação no bioma, que, nos últimos anos, tem enfrentado um processo de desertificação.

O problema, de acordo com especialistas, está ligado à degradação do solo e à redução da cobertura vegetal, causadas, principalmente, pela ação humana. O tema foi discutido nesta semana pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, em encontro com representantes do governo federal, da Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (Conaq) e da Universidade de Brasília (UnB).

“O bioma Caatinga não dispõe de instrumentos legais de proteção específicos, como, por exemplo, a Mata Atlântica tem. (…) Outro ponto importantíssimo é no que se refere à criação de unidades de conservação, tanto de proteção integral, quanto de unidades sustentáveis. Essas unidades não chegam nem a 10% do bioma”, disse o coordenador do MapBiomas, Washington Rocha.

Segundo o cientista, as unidades de conservação atuam no sentido de garantir a proteção do “patrimônio genético do bioma”, especialmente espécies em risco de extinção.

“O mosaico de unidades de conservação serve também como espécie de muro de proteção para o desmatamento. A gente verificou que, em quase todos os biomas, a unidade de conservação é onde houve menor nível de desmatamento”, afirmou o coordenador da entidade.

O governo de Pernambuco informou que tem investido no reflorestamento do bioma, destinando R$ 16 milhões para o Edital Caatinga, que seleciona organizações da sociedade civil para realizar o plantio de 500 mil árvores de espécies nativas. Além disso, a gestão estadual disse que tem reforçado as ações de fiscalização e monitoramento.

Estados que tiveram a maior área de Caatinga desmatada em 2023:

Estado Área desmatada
Bahia 93.437,45 hectares
Ceará 32.485,88 hectares
Piauí 20.060,15 hectares
Pernambuco 15.996,58 hectares
Paraíba 13.247,87 hectares
Rio Grande do Norte 9.113,84 hectares
Minas Gerais 7.653,54 hectares
Alagoas 5.172,28 hectares
Sergipe 4.519,01 hectares

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