Além de lançar a recandidatura presidencial de Dilma Rousseff e de prontificar-se a correr o país em pré-campanha, Lula tornou-se uma espécie de ‘bombeiro’ da aliança partidária governista. Age para isolar os aliados desencapados e conter as desavenças mais acesas. Nos próximos dias tentará reparar um curto-circuito que ele próprio causou. Envolve a composição da chapa de Dilma.
Lula passou as últimas semanas estimulando a especulação segundo a qual não considerava absurda a ideia de desligar da tomada em 2014 o vice Michel Temer (PMDB). O plano era apagar o arroubo presidencial do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) oferecendo-lhe a segunda posição na chapa. Deu errado.
Eduardo Campos não deixou transparecer nenhum entusiasmo. E o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB), que ficará desempregado no ano que vem, entrou na fila. Antes que a autoridade de Temer fosse eletrocutada, sobreveio um recuo. Na próxima quarta-feira (27), Lula deve jantar com Cabral no Rio.
Nessa conversa, que será testemunhada pelo prefeito carioca Eduardo Paes, a vice será retirada do horizonte de Cabral. No dia seguinte, Lula voará para Fortaleza. Ali, animará um seminário do PT e se encontrará com o governador cearense Cid Gomes (PSB), contrário à candidatura presidencial de Eduardo Campos.
Lula tenta encaixar nessa sua viagem ao Nordeste um tête-à-tête com o “companheiro Eduardo”. Em privado, revela-se convencido de que o mandachuva do PSB marcha com uma pisadura de candidato. Quer saber até onde vai a disposição.
Para não chamuscar Temer com novas insinuações, cuidou de mandar-lhe um recado. Deu-se por meio do novo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que foi recebido nesta sexta (22) no Instituto Lula. Amigo de Temer, o deputado ouviu rasgados elogios ao vice. Afora os encômios, Lula declarou sua predileção pela reedição no ano que vem da chapa de 2010.

Convencida por Lula, Dilma tenta reacomodar no primeiro escalão também o PR do senador Alfredo Nascimento, ‘varrido’ da pasta dos Transportes. Esforça-se também para deixar feliz o PDT de Carlos Lupi, que foi ‘faxinado’ do Ministério do Trabalho e não se reconhece na figura do substituto, Brizola Neto, também do PDT.
Juntando-se a essa caravana o PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, Lula acha que pode asfixiar as outras candidaturas presidenciais por falta de vitrine televisiva. Uma reunião aqui, um seminário ali, um telefonema acolá, Lula, o ‘bombeiro’, dedica-se full time ao projeto Dilma-2014.
Fonte: Blog do Josias