A reunião em que Lula pediu calma a Lira e Renan para resolver crise da Braskem; veja bastidores

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Foi tensa a reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com dois grupos políticos adversários, no Palácio do Planalto, para tentar resolver a crise que no domingo provocou o rompimento de uma mina da Braskem, em Maceió. Durante o encontro, realizado no gabinete de Lula, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sugeriu que a CPI proposta pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), tinha outros objetivos que não aquela investigação.

Renan reagiu e disse que a CPI – prevista para ser instalada nesta quarta-feira, 13, contra a vontade do Planalto – tinha um fato objetivo. “Por acaso alguém nessa reunião está defendendo a Braskem?”, perguntou ele.

O senador entregou para Lula e também para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, cópias do acordo firmado em julho pela Braskem com a Prefeitura de Maceió, para garantir à cidade indenização de R$ 1,7 bilhão por causa do afundamento do solo de bairros da cidade. “A quitação que a Prefeitura deu à Braskem foi para frente e para trás”, provocou Renan.

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), protestou. JHC, como é conhecido, ficou ainda mais irritado quando o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), aliado de Renan, garantiu que aquele acordo tinha cláusulas desconhecidas. Sem esconder a contrariedade, o prefeito disse que o governador estava mentindo.

“Se o prefeito revogar esse acordo e passar a defender os interesses das vítimas, sou capaz de votar nele para a reeleição”, ironizou Renan. “E proponho aqui também uma trégua humanitária, se vocês demonstrarem que não estão defendendo a Braskem.”

A certa altura da discussão, o ministro da Casa Civil pediu que os convidados baixassem a temperatura daquele estica e puxa. Lula também cobrou calma, apelou pela unidade e afirmou que todos ali estavam em busca de uma solução.

O presidente disse que defendia a indústria nacional e mostrou contrariedade com a intenção exposta por Renan de criar a CPI da Braskem. Argumentou que era possível chegar a um acordo sem CPI.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula afirmou, ainda, que ninguém sabe como termina uma comissão parlamentar de inquérito. Lembrou que a CPI é um instrumento da oposição, que pode acabar prejudicando as votações de interesse do governo no Congresso.

Lira concordou, mas Renan, não. A CPI deve ser presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) e Renan é cotado para relator.

A dupla ocupou esses mesmos postos na CPI da Covid, aberta no governo Bolsonaro, em 2021. Participaram da reunião, ainda, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), os senadores Rodrigo Cunha (Podemos-AL) e Fernando Farias (MDB-AL) e os deputados Paulão (PT-AL), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Rafael Brito (MDB-AL) e o secretário de Assuntos Federativos, André Ceciliano.

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