A seca acaba o semi-árido e a irrigação acaba com a seca

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Senhora Presidenta,
Eis uma verdade inquestionável. O semi-árido brasileiro é pobre, se irrigado torna-se rico. Foi o que aconteceu na California, no estado americano de Nebrasca, na Espanha, em Israel, no Chile, no Peru e outras regiões áridas do mundo, que se desenvolveram com a implantação de projetos públicos de irrigação.
A República não pode e não deve ser cega a essa coisas. Ao contrario, tem que ter mil olhos para melhor enxergar os problemas do País, o descaso com temas essenciais, como o da agricultura irrigada indispensável para a solução da pobreza no nosso semi-árido.
A área potencialmente irrigada no vale do rio São Francisco é de cerca de 1 milhão de hectares. Temos apenas 330 mil hectares irrigados no Vale restam ainda 670 mil hectares para serem irrigados o que significa a criação de 2 milhões de novos postos de trabalho.
Muitos dos grandes açudes construídos pelo DNOCS estão ociosos, pouco aproveitados por falta de obras complementares, sobretudo adutoras para abastecimento humano, animal e para a irrigação, que não são feitas. Nas bacias sedimentares do Estado do Piauí a terra rachada pela falta d’agua em cima e um rio abundante logo abaixo, com pouco ou nenhum aproveitamento.
O descaso governamental, a falta de compromisso com o homem do semiárido não é culpa de Vossa Excelência. As maiorias dos seus antecessores pouco fizeram. A consequência disso é que dos 16 milhões de brasileiros que vivem em extrema pobreza, 59% , ou seja, quase 10 milhões estão no Nordeste, principalmente no semiárido.
A nação está dividida, um Centro-Sul muito rico e um Nordeste paupérrimo. O presidente americano Roosevelt que criou o “New Deal” já dizia: Uma federação não sobrevive com estados muitos fortes e outros muito fracos.
As desigualdades sociais e regionais têm de ser encurtadas, assim preceitua a Constituição. Na realidade o que vem ocorrendo no país é exatamente o contrario, as regiões mais ricas se tornam cada vez mais ricas em detrimento das regiões mais pobres que se tornam cada vez mais pobres.
Ninguém vive dignamente com bolsa família e bolsa estiagem, sobrevive apenas. A dignidade é irmã do trabalho e trabalho no semiárido passa obrigatoriamente pela prática da irrigação.
Temos água, solo, sol, não temos geada e nem frio intenso, somente falta a decisão governamental de agir. As obras do projeto de irrigação da Codevasf e do DNOCS estão paralisadas há 10 anos. Nesse período não foi incorporado ao processo produtivo, nos projetos públicos de irrigação, 1 hectare sequer.
É preciso virar a pagina dessa conduta omissa e fazer jus ao fato de sermos a quinta economia do mundo e uma nação que está querendo ingressar no grupo dos países desenvolvidos.
Senhora Presidenta, diante dessa situação peço a Vossa Excelência uma atitude firme se não por justiça ou dever que seja por piedade dessa gente que só se fala em fome e seca pense na criação de um “New Deal” para o semiárido, um Programa de Irrigação com meta de irrigar um milhão de hectares, em um prazo de 20 anos.
Senhora Presidenta,
Nós somos filhos da seca
Ela é dona de nossas vidas,
Ela nos impõe todos os sofrimentos
A sede, a fome, a pobreza.
Isso não pode perdurar,
As novas gerações devem ser filhas da
Irrigação das águas do São Francisco
Livres, prósperas e felizes.
Osvaldo Coelho, 81 anos
Foi Deputado federal por oito legislatura (DEM-PE)

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