Nesta terça-feira (10), o assassinato da menina Beatriz Angélica Mota Ferreira da Silva completa quatro anos. A menina, de 7 anos, foi encontrada morta, com 42 facadas, durante uma festa de formatura em um colégio particular de Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A família da garota segue em busca de respostas.
Até o momento, ninguém foi preso e a motivação do crime ainda é desconhecida. Confira fatos do caso.
2015
Dezembro – O caso de Beatriz mobilizou a sociedade. Desde que o crime aconteceu, familiares e amigos da menina cobram respostas e elucidação do caso das autoridades de segurança do estado de Pernambuco através de protestos.
2016
Fevereiro – Dois meses após o crime, a polícia divulgou um retrato falado do suspeito de matar Beatriz. O perfil dele foi construído com base em depoimentos de três testemunhas, sendo uma delas a própria mãe, Lúcia Mota. No mesmo período, o primeiro delegado responsável pelas investigações, Marceone Ferreira falou em entrevista coletiva que não descartava a participação de mais de uma pessoa no crime.
Março – A perícia que investigava a morte de Beatriz Angélica Mota apontou que ao menos cinco pessoas estavam envolvidas no crime. Todas conheciam as dependências do colégio e de acordo com o delegado que conduzia as investigações, Marceone Ferreira, esses suspeitos mentiram ou caíram em contradição nos depoimentos. A revelação chocou os pais da menina, principalmente pelo fato dos suspeitos serem funcionários da instituição de ensino.
Maio – O promotor do Ministério Público (MP) de Petrolina, Carlan Carlo da Silva, declarou que o assassinato de Beatriz pode ter motivação religiosa, para atingir o colégio católico onde o crime ocorreu. Na época, ele alegou também que pode ter ocorrido falhas da Polícia Civil nas primeiras horas da investigação do crime.
Setembro – A Polícia Civil divulgou um vídeo com imagens do homem suspeito de participar da morte de Beatriz. Nas filmagens é possível ver o suspeito andando ao redor do colégio e entrando na quadra onde acontecia a festa, 20 minutos antes de Beatriz ser vista pela última vez.
Dezembro – Um ano após o assassinato da menina Beatriz, a Polícia Civil decidiu designar a delegada Gleide Ângelo para a chefia das investigações.
2017
Março – A Polícia Civil divulgou imagens detalhadas do suspeito do assassinato da menina Beatriz Angélica Mota Ferreira da Silva. Na ocasião, a delegada Gleide Ângelo se disse convicta de que o indivíduo que aparece nas gravações é o autor do crime.
Junho – A subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Juazeiro-BA, cidade vizinha à Petrolina, criou uma comissão especial para acompanhar as investigações sobre a morte de Beatriz. O órgão divulgou uma carta aberta em que cobra da polícia a prisão do autor do crime. A carta foi assinada pela comissão instituída para acompanhar o caso.
Novembro – Familiares e amigos de Beatriz estiveram em Recife a procura de uma resposta do governo do estado. Segundo a mãe da criança, Lúcia Mota, eles esperavam, há três meses, um posicionamento sobre o pedido de acesso ao inquérito da Polícia Civil, que investiga o caso. A família foi recebida no Palácio do Campo das Princesas por uma comissão formada pelo secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, o chefe da Polícia Civil, Joselito do Amaral, o secretário executivo da Casa Civil, Marcelo Canuto, e a delegada Gleide Angelo.
No mesmo dia, a Polícia Civil de Pernambuco solicitou o apoio da Polícia Federal para prender o criminoso que assassinou a facadas a menina Beatriz. A parceria ocorre através de um Termo de Cooperação, conforme informado pelo chefe da Polícia Civil, Joselito do Amaral.
A secretaria de Defesa Social anunciou que a delegada Polyanna Néry assumiria o caso do assassinato de Beatriz, após saída de Gleide Ângelo.
Dezembro – Com a mudança no comando das investigações, os pais da menina se diziam com as esperanças renovadas para elucidação do caso.
A Polícia Civil de Pernambuco informou através de nota, que “além da troca do delegado responsável pelas investigações do caso da menina Beatriz, foram designados cinco novos agentes de polícia, escolhidos pela delegada Pollyanna Neri, titular do inquérito. A nova equipe de investigação está trabalhando exclusivamente no caso, com o apoio dos núcleos de inteligência local e do Recife. A Polícia acredita que a experiência em resolução de casos de homicídios acumulada pela nova equipe trará novos rumos a investigação. E garante o compromisso da corporação em identificar e prender todos os envolvidos no assassinato de Beatriz.”
2018
Julho – O homem suspeito de apagar as imagens das câmeras de segurança do colégio onde a menina foi encontrada foi conduzido coercitivamente pela polícia para prestar depoimento sobre o caso. Os pais de Beatriz comentaram a decisão e lamentaram o fato do pedido de prisão do homem que, segundo eles, era funcionário do colégio, ter sido negado pela justiça.
Dezembro – Quando o crime completou três anos, os pais de Beatriz informaram que solicitariam ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) acesso total e irrestrito ao inquérito do caso. Na mesma época, o casal anunciou que os restos mortais da menina, que estavam no cemitério da família em Juazeiro, seriam transferidos para Petrolina.
No dia 12 de dezembro, a Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou a prisão preventiva do funcionário terceirizado do colégio, Alisson Henrique Carvalho Cunha. Segundo o MPPE, ele havia apagado as imagens das câmeras de segurança e atrapalhado as investigações.
Também em dezembro, o advogado do colégio onde Beatriz foi encontrada morta disse que não houve manipulação das imagens dentro da instituição e sim uma falha da polícia no manuseio dos HDs.
2019
Abril – No dia 6 de abril, os restos mortais da menina foram exumados, e, em seguida, foi realizado um novo sepultamento em um cemitério de Petrolina. Segundo o pai de Beatriz, Sandro Romilton, a transferência ocorreu para que a família e os amigos ficassem mais próximos da menina.
Julho – No dia 18 de julho, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca na casa de Allinson Henrique de Carvalho Cunha, em Petrolina. Os pais de Beatriz, Lucinha Mota, Sandro Romilton, além de amigos do casal, saíram do Fórum de Petrolina e foram até próximo à casa de Allinson. A informação recebida por eles era que o suspeito estava escondido em casa.
De acordo com a Polícia Civil, um mandado de busca foi cumprido, mas após uma procura minuciosa, nada foi encontrado.
Setembro – O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) revogou o pedido de prisão contra Alisson Henrique, que estava foragido desde dezembro de 2018. Segundo a defesa de Alisson, a prisão dele foi pedida sem que o inquérito tivesse sido concluído.
Outubro – No dia 8 de outubro, a mãe de Beatriz realizou um ato de repúdio na frente da Câmara de Vereadores de Petrolina. O protesto foi contra o espaço concedido na tribuna da Casa Plínio Amorim ao advogado Wank Medrado, que defende Alisson Henrique Carvalho, suspeito de ter apagado imagens das câmeras de segurança que poderiam ter ajudado nas investigações do assassinato da menina.
Ainda e outubro, os pais de Beatriz lançaram uma ‘vaquinha online’. O objetivo é arrecadar recursos para custear as despesas com uma investigação paralela à da Polícia Civil de Pernambuco, visando a solução do crime.
Dezembro – Os pais de Beatriz informaram que seguem com a vaquinha online. O valor será utilizado na investigação paralela que a família está fazendo.
Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco disse que “reafirma a seriedade e a dedicação com que está sendo conduzida a investigação do caso Beatriz, que corre em segredo de justiça. Por isso, não podem ser fornecidas informações do andamento dos trabalhos. Por fim, a PCPE reitera a confiança de elucidar esse bárbaro assassinato e apresentar quem comeu esse crime à justiça”.
“O chefe de Polícia Civil, através da portaria nº 235, de 09/09/2019-gab, designou a delegada Polyanna Neri na presidência do inquérito policial, com dedicação exclusiva, como, atendendo ao pedido da própria delegada, instituiu uma força tarefa composta de mais três delegados de polícia e suas respectivas equipes, todos com experiência na investigação de homicídios; além disso, reforçou a equipe da referida autoridade policial, com policiais civis indicados pela própria delegada”. |G1 Petrolina|