A queda de 27 pontos porcentuais da popularidade da presidenta Dilma Rousseff desde o início da onda de protestos pelo País, segundo registra o Instituto Datafolha, é o reflexo da indignação da população com a prática de corrupção e a impunidade, que se agravou desde o mensalão e os escândalos da Era Lula.
Desde que deixou o Palácio do Planalto, Lula tenta “monitorar” as ações do governo Dilma, indicou ministros que acabaram sendo afastados por denúncias de corrupção e mantém a presidenta da República em permanente ameaça diante da possibilidade de um “puxa-tapete” como provável candidato do PT à sucessão presidencial.
Lula, responsável direto para a eleição de Dilma, nunca “desencarnou” da gestão da companheira. Quantos e quantos nomes, impostos por ele à presidenta, para cargos importantes, foram defenestrados do poder pelos escândalos e envolvimento em práticas ilícitas.
Nas manifestações de rua, em todas as cidades, é visível a indigação da população em relação à corrupção presente nas diversas esferas de poder e também contrariedade em relação às ações e omissões de Dilma Rousseff, Exemplos: a tolerância com políticos corruptos que ocupam cargos em seu governo, apoio à reeleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado Federal e também o inchaço do governo: são 39 ministérios.
A presidenta Dilma Rousseff chegou ao poder na primeira eleição que disputou e manteve a popularidade a despeito de seguidos escândalos de corrupção e demonstrações de ineficiência administrativa. Agora, no 30º mês de governo, um elemento novo passou a afetar diretamente o seu apoio entre a população: a inflação.
Dos assuntos que levam alguém dizer se dá ou não sua confiança a um político, a economia costuma ser o número um. E dentre os temas econômicos, a inflação está entre os que mais diretamente influenciam a avaliação de um governo.
O cenário de incertezas na economia e a ausência de perspectiva de grandes realizações nos próximos meses tornam o cenário nebuloso. Além disso, na eleição de 2014 Dilma deve ter três adversários competitivos: Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, tem potencial para tirar votos da petista no Nordeste. Marina Silva (Rede) é popular em grandes centros urbanos. E o senador Aécio Neves (PSDB) é o favorito para levar os dois maiores colégios eleitorais do País, Minas Gerais e São Paulo.
Desde que assumiu o poder, em 2011, Dilma, graduada em Economia, não conseguiu colher os louros de um crescimento robusto, tal como seu antecessor. O melhor desempenho registrado até o momento foi em seu primeiro ano de mandato, quando o Produto Interno Bruto (PIB) expandiu 2,7% – número considerado decepcionante à época. De lá para cá, a cada divulgação do PIB, surge uma nova frustração. No ano passado, o crescimento não passou de 0,9%. E, dado o “pibinho” do primeiro trimestre de 2013 (avanço de 0,6%), as expectativas para o acumulado deste ano não são as mais animadoras.
Variações de popularidade são comuns ao longo dos mandatos. Também é comum a colheita de dividendos eleitorais no último ano de gestão, com a inaguração de obras e a consolidação de programas importantes. A presidenta, entretanto, parece não ter cartas na manga para 2014. “A gente sabe que ela não tem tempo de inaugurar obras porque as obras não estão sendo realizadas. Não há tempo de ela inaugurar empreendimentos como a transposição do rio São Francisco”, diz o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília, afirma que o governo ainda não tem uma marca que conquiste o eleitorado – apesar de programas como o Brasil Sem Miséria. “Dilma vai ter de inventar uma outra bandeira”, afirma. Um sinal de que o eleitor, embora aprove a presidente não se entregou incondicionalmente a ela vem da já mencionada pesquisa Datafolha: 73% da população diz ainda não ter escolhido seu candidato para 2014.
Semana passada, o ex-presidente Lula reclamou com petistas da estratégia do governo Dilma Rousseff para dar uma resposta à onda de protestos pelo país. A aliados, Lula teria chamado de “barbeiragem” a articulação de uma Constituinte exclusiva para discutir a reforma política, sem uma discussão prévia com o Congresso. Lula nega.
Na nota de resposta, o ex-presidente fez questão de elogiar Dilma dizendo que sua convicção é de que a companheira Dilma vem liderando o governo e o país com grande competência e firmeza, ouvindo a voz das ruas, construindo soluções e abrindo caminhos para que o Brasil avance, nossa democracia se fortaleça e o processo de inclusão social se consolide.
Fonte: Pagina da Noticia
