Morte de empresário no Recife alerta para cuidados com o consumo de ostras

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Iguaria comum nas praias do litoral pernambucano, a ostra precisa de atenção redobrada quando consumida, principalmente nesta época de verão. O alerta para o consumo do molusco foi novamente acionado em Pernambuco após a morte de um empresário de 60 anos, na quinta-feira (26), em um hospital privado do Recife. Ele teria consumido uma porção de pelo menos 14 ostras na praia de Boa Viagem, na Zona Sul da Capital, no último dia 13. O nome da vítima não será divulgado a pedido da família.

Geralmente servida cru e adicionada de temperos como limão, azeite e sal, a ostra pode causar uma infecção provocada por várias bactérias, dentre as quais a Vibrio vulnificius – que, após se instalar em uma ferida no corpo, começa a consumir a carne ao seu redor e se espalha rapidamente.

Um amigo do empresário, o advogado Silvio Amorim, detalhou como tudo aconteceu. “No dia seguinte [após comer as ostras], tinha uma confraternização do nosso grupo e ele disse que não ia comer nada pois havia ingerido umas ostras que ‘não tinham entrado bem’”, detalhou. “Dois dias depois, ele foi para um hospital, os médicos atenderam e o dispensaram após dar um remédio”, acrescentou Sílvio.

O empresário foi para um outro hospital no domingo (22), onde morreu após passar quatro dias internado. Outro amigo da família, o médico Genildo Lira informou que uma infecção generalizada causou a morte do empresário. “Ele teve falência múltipla de intestino, pulmão e fígado. Um laudo deve confirmar o motivo da morte”, acrescentou.

Cuidados com as ostras
O clínico Auremar Ferreira chama atenção sobre os riscos causados pelo consumo de ostras mal preparadas. “Precisamos ter cuidado com o preparo do que consumimos na praia. O que torna a ostra mais melindrosa é porque se trata de um animal filtrador, que se alimenta filtrando a água que passa por ela e pega todo o resíduo e sujeira que está no ambiente”, detalhou.

Se é ingerido por crianças ou idosos, que têm organismos mais frágeis, acabam tendo um envenenamento maior”, acrescentou Auremar. A depender do grau de contaminação, os sintomas podem ser diarreia aguda e com sangramento, náusea, vômito, febre, cólicas e dores abdominais. “Se formos falar da questão alimentar, essas ostras estavam muito podres. Não se sabe como foram coletadas, nem tratadas”, alerta.

Ainda de acordo com Auremar, a principal medida que a população deve tomar para evitar infecções é se prevenir na hora do consumo. “É preciso saber qual é a procedência da ostra, como ela é preparada e como é refrigerada. Se a pessoa que ingerir o molusco observar algo estranho, acrescenta o clínico, o ideal é procurar imediatamente um médico.” “A questão não é a quantidade do que é consumido, mas a qualidade. É necessário ainda evitar a automedicação”, afirma.

De acordo com a nutricionista Tainan Castro, a ingestão de ostras exige um cuidado maior, já que é um alimento geralmente servido cru. “O problema não é tanto o aspecto pois, mesmo saudável, a ostra faz mal por causa de uma toxina que é prejudicial”, explicou. Entre o que deve ser analisado pelo consumidor na hora de comprar a ostra, aponta a especialista, estão itens como aparência (deve ter aspecto brilhoso como indicação de que está saudável) e/ou cheiro ruins e o tempo fora do armazenamento. “A ostra já fica na praia, naquele calor, sem um cozimento, sem congelamento. A atenção precisa ser redobrada porque a bactéria é resistente ao calor”, afirmou.

A nutricionista Joyce Moraes reforça o que deve ser priorizado pelo consumidor na hora do consumo. “As condições de higiene do ostreiro [pessoa que vende as ostras] também deve ser levada em conta. Muitos vendem a ostra em um balde que fica no sol quente o dia inteiro e limpam facas e pratos em um pano sujo. É uma prática incorreta”, alerta. Alguns restaurantes da região inclusive cultivam o fruto do mar em aquários. “A ostra é um mega alimento, rica em proteínas e minerais e são ótimas para a humanidade”, acrescenta. Ela ainda elenca algumas dicas para o consumo.

Confira:
– Dar preferência ao consumo em bares e restaurantes. A maioria dos localizados na região compra ostras criadas em cativeiros no Rio Grande do Norte.
– Se consumir na praia, deve ser logo cedo, pois o risco é maior no final do dia.
– Verificar as condições de higiene do ostreiro.
– Nem sempre a ostra vai apresentar alterações de cheiro e sabor, mas é preciso atenção, uma vez que os micro-organismos patogênicos não são deteriorantes, ou seja, não estragam o alimento.
– Procurar saber a procedência do molusco e ter uma pessoa de confiança para comprar.
– Buscar indicações e o histórico da procedência do estabelecimento.
– Conferir se os baldes usados nas praias estão com gelo. Na maioria das vezes, não, o que aumenta o risco.

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