O atual ministro da Justiça coleciona momentos de afronta com parlamentares da oposição e, nos bastidores, esbarra com resistências até na base aliada
Por O Tempo
Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino não deve ter o caminho mais fácil para ter seu nome aprovado pelo Senado Federal. A postura do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, que costuma assumir tom irônico e até considerado arrogante por vezes nos corredores da Esplanada dos Ministérios, causa uma resistência política que precisará, agora, ser enfrentada.
O primeiro desafio será na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde Dino passará por uma sabatina e, depois, por uma votação. Independentemente do resultado, sua indicação será levada ao plenário. Nessa segunda etapa, ele precisa ter o apoio de pelo menos 41 dos 81 senadores para conquistar a cadeira na Suprema Corte. A expectativa é que essas votações ocorram entre 12 e 15 de dezembro.
A resistência deve ficar explícita, ainda, durante a sabatina no colegiado. Nesse processo, que costuma durar longas horas do dia, os senadores podem questionar o indicado ao STF sobre o tema que quiserem. E paira sobre Dino uma série de polêmicas que políticos da oposição e os que se rotulam como independentes não devem deixar passar.
Na lista, devem entrar a crise na segurança pública da Bahia, de São Paulo e do Rio de Janeiro, além da associação feita entre Dino e o crime organizado durante visita ao Complexo da Maré, no Rio. O caso já foi exaustivamente desmentido pelo próprio chefe da Justiça e por seu entorno, mas ainda não foi esgotado nos grupos reacionários.
O fato mais recente que deve elevar o tom na sabatina é a presença de Luciene Barbosa Farias em reuniões com a equipe de Dino na sede da pasta da Justiça, em Brasília (DF). Chamada de “dama do tráfico amazonense”, ela é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder do Comando Vermelho.
