Os exemplos de Bogotá e Medellín: Livro do cabroboense Murilo Cavalcanti

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O narcotráfico e suas histórias violentas foram, durante muitos anos, um cartão postal desagradável da Colômbia. Por trás disso, ainda havia o alto índice de corrupção, conflitos armados, desordem urbana e ineficiência da máquina pública, entre outras males sociais. Mas o país conseguiu um verdadeiro milagre nos últimos 15 anos, nas suas duas principais cidades: Bogotá, capital e maior delas, e Medellín, segunda cidade mais populosa. Bastou pulso forte nas decisões políticas e um governo decente por parte de uma série de prefeitos para tudo mudar. Depois dos ajustes, mergulhar nesses dois locais poderia ser um passo à frente para viver numa cidade tão parecida com aquelas.

Foi pensando assim que Murilo Cavalcanti, então um administrador de empresas engajado em causas políticas, hoje secretário de Segurança Urbana do Recife, resolveu investir em viagens à Colômbia. Os planos e experiências que transformaram Bogotá e Medellín numa referência positiva estão sendo agora publicadas no livro As lições de Bogotá e Medellín – do caos à referência mundial.

Organizada por Murilo, a obra foi criada a partir de relatos de políticos, arquitetos, sociólogos, jornalistas, brasileiros ou estrangeiros, que tiveram alguma experiência nas duas cidades. “Não é comum, nem rotineiro, alguém que não tenha negócios na Colômbia, nem seja ligado às atividades ilícitas do narcotráfico, ter visitado Bogotá e Medellín por 13 vezes”, lembra Murilo na apresentação. Mas deixa claro: não é um manual de como dirigir um município.

Murilo foi instigado a viajar depois de ler um caderno especial, publicado pelo Jornal do Commercio, em 2006. Escrito pelo jornalista Eduardo Machado, então repórter do JC e hoje secretário-executivo de Segurança Urbana do Recife, o material mostrava a nova realidade colombiana. “Em 2003 minha irmã foi vítima da violência em Pernambuco. Durante um assalto foi baleada e ficou paraplégica”, revelou Murilo. “Três anos depois li as reportagens e decidi conhecer as mudanças na Colômbia.”

De acordo com as pesquisas apresentadas no livro, Medellín e Bogotá sofrem dos mesmos males que acometam a maioria das cidades latino-americanas. Lá há corrupção, violência policial, exclusão social.

“Esperamos, com essa publicação, estar contribuindo para o debate de que é possível mudar uma cidade”, explicou.

Um dos relatos do livro é do arquiteto e urbanista pernambucano Francisco Cunha. Ele foi uma dos que visitaram os municípios colombianos na mesma época. “Me sinto envergonhado com o que vi e com tantas transformações realizadas”, relatou. “O Recife poderia ter trilhado esse caminho. Diferentemente, não teve uma estratégia nem um projeto de cidade.”

O arquiteto é um dos idealizadores do projeto O Recife que Precisamos, movimento cidadão que listou, através de um estudo minucioso, cinco ações que precisariam ser implantadas pela prefeitura para a melhoria do Recife.

SEGURANÇA

Um dos pontos mais discutidos para o desenvolvimento das duas cidades colombianas foi a questão da segurança. O sociólogo Hugo Acero Velásquez, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), também assina um artigo no livro. Ele foi secretário de Segurança Pública Cidadã de Bogotá por três mandatos consecutivos, exatamente no momento em que a região passava por mudanças. Nesse período, a capital reduziu em 80% as taxas de homicídios. “O importante é que a política de segurança deve ser tratada sob uma ótica civil, com um responsável que coordene todas as ações e instituições envolvidas”, relata Acero.

Entre 2007 e 2010 Bogotá teve uma oscilação entre os números da violência. Fechou 2011 com 22 homicídios por 100 mil habitantes. A taxa de homicídios do Recife em 2011 foi exatamente o dobro: 44 casos para cada 100 mil habitantes. Mesmo sem ter a pretensão, talvez o livro mostre o exemplo de que é possível mudar.

As lições de Bogotá e Medellín – do caos à referência mundial. Lançamento nesta segunda-feira (15) no pátio interno do Shopping Paço Alfândega, Bairro do Recife, a partir das 19h. Andar térreo. Entrada gratuita.

Fonte: Jornal do Comercio/PE

Livro do cabroboense Murilo Cavalcanti

2 COMENTÁRIOS

  1. Deu no Jornal – Hora13noticais, no dia 18 de abril. 117 crianças foram mortas no ano passado em Medellín.
    Embora abril seja o mês das crianças nesta cidade, Medellín parece não ser uma cidade para elas. De acordo com a própria Prefeitura, a violação dos direitos das crianças é crítico.
    Os números e estatísticas mostram que as crianças estão cada vez mais envolvidas em situações de conflitos e riscos. Nos últimos 3 anos milhares de crianças foram para as ruas de Medellín. É essa a realidade que o Secretário de Segurança Urbana do Recife quer copiar como exemplo para nossa cidade? O incrível é que tem membros da Comissão do nosso PCCV fazendo propaganda do lançamento do livro do Secretário Murilo Cavalcanti que fala como Bogotá e Medellín venceram a violência. Foi assim que venceram a violência? as lições de Medellín estão nos mostrando 117 crianças assassinadas só no ano passado. Medellín e Bogotá não são modelos de segurança para cidade alguma. A imprensa local poderia mandar um enviado a Bogatá e Medilin para mostrar como estão estas acidades hoje.
    Silvan Matias

  2. Equivocada a opinião do secretário. 1) Não está escrito em canto algum que a guarda é feita para trabalhar no ordenamento urbano, apenas. Ela é criada para proteger os bens públicos municipais e as pessoas que neles frequentam como assegura a constituição federal no capítulo da segurança pública, artigo 144, § 8º; 2) O armamento é instrumento de trabalho e proteção do guarda e de terceiros, não um enfeite; 3) Não há, até hoje, nenhuma justificativa técnica para não armar a Guarda, todo discurso é no campo da subjetividade e do achismo; 4) Da forma como vem sendo colocado (o uso da armar pelo guarda) é de se pensar que se ele(guarda) estiver armado vai sair por aí atirando a revelia; 5) Se as policias, os vigilantes e agentes penitenciários trabalham armados para proteger suas vidas e de terceiros e os bens patrimoniais públicos e privados e são seres humanos como os guardas, por que o guarda não pode?; 6) Há exemplos aqui no Brasil de Guardas armadas que prestam brilhantes serviços à população e são bem avaliadas pelos munícipes; 7) O preparo realmente tem e deve existir para o uso da arma, mas não evita que erros e abusos não possam ser cometidos, pois se assim o fosse não teríamos tantos policiais usando suas armas indevidamente; 8) Teoria e a prática se completam mas a prática tem um pequeno diferencial no dia-a-dia; 9) A menos que a Guarda seja composta por bandidos e pessoas incapazes de serem bons agentes da segurança pública municipal, estará justificado a defesa de não armá-la; 10) Ninguém em sã consciência vai esperar que no momento de um assalto, por exemplo, nas ruas e avenidas do Recife, um ladrão em fuga se depare com um guarda fardado, exposto e alvo fácil; e o senhor ladrão, no momento de desespero, reconheça que o guarda não é polícia ou pense o seguinte: “não, eu não vou atirar porque ele não é policia, é apenas um guarda trabalhando no ordenamento urbano”; 10) Se o problema for a violência ou o risco das armas caírem na mão de bandidos, então tem-se que desarmar todas as polícias, qualquer Zé Mané sabe quem alimenta o comércio de armas irregulares neste país; 12) O guarda é um servidor público concursado, um agente público que ingressa na função pública para servir ao povo e protegê-lo, e até que se prove o contrário é um homem de bem e apto a ser um bom agente de segurança municipal; 13) Não há nenhum dado estatístico, cientifico, extraterrestre ou sobrenatural que a Guarda seja responsável pela insegurança no Brasil ou que ela tenha contribuído para chegarmos aos caos em que se encontra a (in)segurança e violência no país; 14) O problema não está na Guarda armada mas sim na quebra da hegemonia das polícias estaduais que tem a mesquinhez de achar que vão perder espaço; 15) O cidadão diante de uma necessidade ou vitima de uma violência não olha a cor da farda, ele quer ser atendido, e o guarda para poder agir com qualidade e presteza tem necessariamente que estar com todos seus materiais de trabalho e, entre eles, a arma é um dos itens; 16) deixando de lado o romantismo, quem pensa em cometer um crime de grande impacto pensa duas ou três vezes ao ver o “poder de fogo” de quem está do outro lado; 17) Por mais que se tente desmerecer o serviço do guarda, não se pode negá-lo na rua, no posto, no trânsito, na proteção do meio ambiente, não é como um João, um José, ele é um servidor público, um agente público de segurança pronto para agir, se não agir será condenado pelas mesmas pessoas que dizem que o guarda nada pode e nada faz; 18) alegar que a Guarda não foi preparada para usar armar de fogo é uma argumentação muito fraca e desprovida de cunho técnico e prático; 19) A Guarda por acaso é composta por bandidos que não pode usar a arma de fogo; 20) O próprio secretário assume que a Guarda trabalha em lugares perigosos, e dá como exemplo o Parque Santana onde os guardas já foram ameaçados de morte várias vezes e, logo em seguida, se contradiz quando questionado pela repórter sobre a Prefeitura entrar em lugares perigosos, ao dizer que não vai colocar a Guarda em lugares perigosos; 21) Muitos guardas pediram para sair da CTTU (por falta de condições de trabalho e estrutura), eles não saíram por serem “guardas errados”; 22) Se o secretário assume que recebe os guarda ruins para sua secretária, então, a Guarda que policia o patrimônio é local de despejo de “guardas errados”; 23) Aqui no Brasil, já existem sim Guardas Municipais que atuam na segurança de forma preventiva, ostensiva e repressiva e com o apoio da sociedade, é preciso que se faça o discurso da verdade, e não apenas opiniões pejorativas e discriminatória quando o assunto é Guarda Municipal. A Guarda Civil Municipal do Recife é uma instituição que merece respeito, Ela tem serviços relevantes prestados à sociedade e isso tem que ser reconhecido. A Guarda Municipal como qualquer instituição tem bons e maus profissionais, afinal ela é feita por homens e mulheres, e como qualquer grupo social tem seus defeitos e qualidade. Não se deve sentenciar a Guarda por erros que ela ainda não cometeu. A Guarda tem sim pessoas preparadas e capacitadas para o uso da arma de fogo, Ela já efetuou diversos cursos de capacitação, inclusive ministrado pelas forças policiais. E por fim durante anos e anos a Guarda Municipal foi comandada e gerenciada por oficias da Polícia Militar e delegados de polícia (civil e federal), portanto, se a Guarda é despreparada a culpa é desses policiais que das duas uma, ou esses policiais vieram para a Guarda passar uma chuva e tirar proveito, ou por incompetência ou descaso não ensinaram o que deveria, ou o que eles ensinaram não serve nem para eles mesmos.

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